Ansiedade não pede licença

Ansiedade não pede licença

Sorrateira, silenciosa e limitante. Assim a ansiedade tem sequestrado a saúde emocional e a qualidade de vida de tantas pessoas, no dia a dia. Sem pedir licença e com predileção feminina, ela se instala aos poucos e quando percebida já criou morada, tornando-se hóspede indesejada sem hora e data para check-out.

Já estamos no pódio há algum tempo segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Mesmo antes da pandemia em 2017, o Brasil já contabilizava o maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo. Com a pandemia esses números aumentaram ainda mais, o que nos mantém firmes na primeira posição como o país mais ansioso do mundo. São quase 19 milhões de brasileiros que sofrem com a ansiedade. Um a cada dez brasileiros convive com esta triste realidade, e para cada homem duas mulheres são afetadas.

Sim! As mulheres possuem duas vezes mais chances de vivenciar os transtornos de ansiedade do que os homens, de acordo com um estudo da Universidade de Cambridge, realizado a partir da análise de mais de mil artigos e pesquisas sobre ansiedade e depressão publicados  desde 1999. Outro levantamento realizado pela Universidade de Harvard, revela que 80% de todas consultas médicas de mulheres no mundo, tem relação direta com o estresse vivenciado na rotina diária.

Dados que comprovam que a ansiedade tem predileção feminina e está à espreita aguardando uma brecha para se instalar de mansinho. Não é por nada que os números de diagnósticos de estresse, ansiedade, depressão e pânico, aumentaram entre as mulheres durante a pandemia.

Em tempos comuns a incidência de casos de ansiedade em mulheres se explica pelo constante estado de alerta em relação a diversos fatores enfrentados no dia a dia, bem com a pressão enfrentada pela dupla jornada, como o acúmulo de funções com tarefas domésticas, filhos e demais responsabilidades que acabam recaindo sobre elas, além das alterações hormonais vivenciadas ao longo da vida da mulher desde a adolescência, o que aumenta ainda mais a probabilidade da incidência de instabilidades emocionais.  Em tempo de pandemia porém, os fatores se agravam ainda mais. O medo, a insegurança e a fragilidade frente à doença, bem como o isolamento e as mortes diárias. Tudo isso (que são fatos reais), geram estresse e atuam como gatilho para o surgimento ou agravamento dos transtornos.  

O que antes nos distraía, como passeios, saídas, viagens, encontros, hoje, nos mantém mais atentos e mergulhados em nós mesmos. Fomos obrigados a ficar mais tempo em nossa companhia, levando-nos olhar mais para dentro, o que para muitos não tem sido uma experiência fácil. Fomos obrigados de uma hora para outra a lidar com questões e emoções que estavam silenciadas, disfarçadas e que nesse momento de isolamento, naturalmente ganharam destaque, aflorando com os medos, comportamentos limitantes, inseguranças e fragilidades que em tempos comuns, costumávamos desviar.

É preciso um novo olhar urgente para a nossa saúde mental. Ou despertamos para a necessidade de reassumir o estado de calma e nosso gerenciamento emocional, ou nos rendemos de vez aos sequestro da nossa qualidade de vida, deixando-nos sugar pela falta de autonomia, sofrimento físico e emocional gerados pelo mal do século.

Antes de mais nada, é preciso entender, que a ansiedade natural faz parte da vida do ser humano. É uma característica evolutiva comum que tem como objetivo nos proteger e que dá o sinal de alerta para nosso corpo diante das situações de risco e ameaça, estimulando-o a se preparar para entrar em ação, entrando no “modo” luta ou fuga.

Por outro lado, se torna um problema e transtorno clínico a partir do  momento que ganha proporção exagerada, colocando a pessoa em estado de alerta e medo constante, superestimando o perigo nas situações que teme ou evita, gerando os prejuízos físicos e emocionais por prolongados dias, meses e anos. O principal diferencial da ansiedade natural para a patológica segundo especialistas, é o nível de impacto na vida do indivíduo.

Para superar a ansiedade, resgatar o estado de calma e o gerenciamento emocional, é necessário em primeiro lugar a aceitação, o acolhimento próprio e autoreconhecimento.

O processo de resgate emocional inicia com o reconhecimento das feridas internas. A partir disso se inicia uma jornada de autoconhecimento e aprendizagem com a redescoberta de novos recursos internos evolutivos e um potencial de superação já existente em cada um.

É um processo de exige comprometimento, disciplina e muito exercício mental com práticas que nos permitem manter a atenção no momento presente, no que temos controle e nos recursos evolutivos que ajudam a nos manter longe da ansiedade e das expectativas projetadas para o futuro.

Sim! O excesso de futuro está relacionado à ansiedade. A ansiedade ocorre quando nossa mente já foi projetada lá para o futuro e volta dizendo que não vai dar certo. Nesse sentido manter o foco no presente e no que depende unicamente de nossa atenção não é só mais saudável, mas também inteligente. Porque planejar o fracasso no futuro seria perda de tempo, não é mesmo?

Portanto tome cuidado para não perder a vida, em vida! Assuma a responsabilidade pelo resgate do seu gerenciamento emocional.

  1. Aceite o momento. Reconheça seu estado emocional.
  2. Permita-se perceber como você está criando “o filme futuro” na sua mente, com base em que crenças?
  3. Perceba qual o diálogo interno existe em relação a isso e como fala com você mesmo?
  4. Determine o que você deseja e planeje com base no que depende unicamente de você e de que forma poderá influenciar “o que não depende de você”?
  5. E celebre com você mesmo, todas as pequenas conquistas em direção ao objetivo.

 

Crie uma rotina diária de práticas que alimentem a sua saúde física e mental e o mantenha em harmonia.

  1. Pratique atividade física regular (caminhada, pedalada, corrida, natação, hidroginástica).
  2. Mantenha uma alimentação equilibrada e hidrate-se.
  3. Reserve diariamente um tempo para si. As paradas terapêuticas são de fundamental importância para acalmar a mente e o corpo.
  4. Ler um bom livro, ver um filme, séries, conversar com uma amiga.
  5. Medite diariamente, exercitando o estado de calma e tranquilidade.
  6. Inclua a yoga na sua rotina
  7. Realize práticas de respiração consciente.
  8. Amplie a percepção sobre seus estados e sobre a sua autonomia em relação ao estado que deseja vivenciar. (através da terapia convencional e terapias integrativas como a hipnose clínica e a comunicação generativa, método que associa hipnose ericksoniana e programação neurolinguística).
  9. Prepare-se para dormir. Desligue o celular, medite, relaxe e prepare o corpo para uma noite de descanso.
  10. Exercite sua autonomia e autogerenciamento emocional dia a dia, até se tornar um hábito.
  11. Tudo isso irá influenciar na liberação da química, como serotonina, endorfina, dopamina, ocitocina, que são considerados hormônios da felicidade. Produza a sua própria felicidade diária e mantenha as portas fechadas para o intruso indesejado, que não encontrará ambiente favorável para produzir o medo, a insegurança e ansiedade.

 

A hipnose como terapia integrativa reconhecida nos processos de mudança pessoal

A hipnose e comunicação generativa (método que associa a hipnose ericksoniana e programação neurolinguística), tem alcançado reconhecido sucesso terapêutico e preventivo na saúde, uma vez que promovem uma aceleração do processo, criando um ambiente interno favorável, reduzindo a resistência do sistema de crenças pré-existentes, permitindo com isso o reconhecimento e utilização dos próprios recursos internos que irão potencializar suas capacidades e deste modo viabilizar a criação de novas estratégias e mudanças em busca de novos estados emocionais e comportamentos.

Michelle Terra Guedke é de Porto Alegre (RS). Graduada em Comunicação Social, Pós-graduanda em Hipnose Clínica, Programadora Neurolinguística Nível Master, Comunicadora Generativa e Hipnóloga Ericksoniana. https://www.ansiedadetemtratamento.com.br

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